Saiba como é o transplante em idosos, como o caso de Stevie Wonder

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O cantor norte-mericano Stevie Wonder, 69, anunciou no último dia 6 que realizará uma cirurgia de transplante de rim no mês de setembro.Durante o anúncio, feito em um show em Londres, Wonder tranquilizou os fãs alegando estar bem e que já tem um doador. A causa do transplante não foi revelada. 

De acordo com o nefrologista Elias David-Neto, do Núcleo Avançado de Nefrologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e diretor do Serviço de Transplante Renal do  HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), o transplante em pessoas idosas se torna mais complicado não pela idade, mas por outros problemas de saúde que ele possa ter.

"Quando pensamos em idosos, lembramos de doenças, além de diabetes, hipertensão... Mas hoje, temos muitos idosos que correm maratonas e que estão em boas condições de saúde, podendo realizar o transplante. Não avaliamos a idade cronológica, mas sim as comorbidades que o paciente possa ter, independentemente de quantos anos tenha", explica o médico.

O transplante de Steve Wonder aos 69 anos levantou a questão sobre o uso de órgãos jovens em pessoas idosas e vice-versa. O nefrologista explica que, no Brasil, o transplante ocorre entre pessoas de qualquer idade, o que seria considerado um desperdício.

"Dar um rim de uma pessoa de 70 anos para uma pessoa de 30 não é funcional. Se você der esse rim para uma pessoa de uns 65 anos e esse órgão durar 10 anos, é razoável, mas para uma pessoa mais nova, isso não funciona bem".

Ele explica que em países europeus e nos Estados Unidos as doações ocorrem entre pessoas de faixas etárias parecidas, fazendo com que idosos recebam órgãos de pessoas idosas e pessoas jovens recebam órgãos mais novos, tendo melhor usabilidade deles.

No caso do rim, Neto afirma que as condições de saúde do paciente são avaliadas, medindo os riscos de ele passar pelo transplante e o de continuar a realizar a diálise. Para os idosos, a avaliação médica é realizada a cada seis meses, pois, devido à idade, alguns problemas de saúde podem aparecer neste período. Assim, se as condições forem negativas para o transplante, o paciente permanecerá realizando a diálise.

A diálise é um procedimento realizado por meio de uma máquina que filtra o sangue, removendo toxinas como ureia e creatinina, em pacientes com funcionamento do rim abaixo de 15%. Além disso, retira o excesso de água do organismo em pacientes que não conseguem eliminá-la pela urina.

Após a realização do transplante, o médico afirma que os três primeiros meses são de maior risco, podendo ocorrer infecções ou a cirurgia não dar certo. Porém, após esse período, os benefícios do transplante são grandes. Neto afirma que a taxa de mortalidade de pacientes que realizam a diálise é de 16%, enquanto a do transplante é de 4%.
Neto explica que os cuidados para antes e depois do transplante são os mesmos em todas as faixas etárias, tomando os remédios imunossupressores para que o órgão não seja rejeitado e os outros medicamentos para as eventuais doenças que ele possa ter. 

"Depois do transplante, o paciente pode viver normalmente. A vida continua a mesma, mas sem a insuficiência renal crônica", afirma Neto. Assim, Wonder poderá continuar suas atividades na carreira musical.

Entre os principais fatores que levam à necessidade do transplante de rim estão as complicações causadas por diabetes, tanto tipo 1 como tipo 2, e hipertensão arterial descompensadas. 

Fonte: Portal R7

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