“Tivemos momentos fantásticos e outros muito difíceis, mas entrego esse cargo com o sentimento de dever cumprido, apesar de não ter conseguido realizar todo o que eu gostaria”. Foi com essas palavras que o médico nefrologista Dr. Luiz José Pereira resumiu os 28 anos que esteve como coordenador da Unidade de Diálise do Hospital das Clínicas. Um café da manhã organizado por seus colegas de profissão e amigos no Hospital das Clínicas na manhã de terça-feira, 1º de outubro, marcou a despedida do médico, que irá se aposentar.
Dr. Luiz começou a trabalhar na Unidade no ano de 1986, mas somente em 1991 foi convidado por alguns professores, como lembra o seu colega e sócio na Clínica Prorim, Dr. Antônio Raimundo, a assumir a coordenação. “Na época estava muito difícil acontecer concurso público, mas nós conseguimos trazê-lo para assumir esse cargo, e ele fez esse papel de professor mesmo sem querer. Treinou uma geração inteira de nefrologistas. Era uma época extremamente difícil implantar a diálise peritoneal, mas com a sua persistência, conseguiu”, contou.
Para o médico, o lado bacana de ter persistido durante todos esses anos é de poder ter feito uma unidade de alta complexidade em um hospital público, com todos os problemas e limitações e ter feito boas amizades. “O que eu levo de todos esses anos são as pessoas maravilhosas com quem eu convivi e ter participado da formação de profissionais, o resto é história”, destacou.
A professora aposentada, Dra. Margarida Dutra destacou em breve discurso a firmeza do coordenador e das pessoas que passaram pelo setor de nefrologia. “Quantas dificuldades enfrentadas! Mas Dr. Luiz com esse jeito manso, calmo, mas sempre firme, não desistimos e fico feliz de termos plantado tantas sementinhas”, disse.
Em nome da equipe de médicos residentes, o nefrologista Dr. José César Batista agradeceu o coordenador pelo aprendizado. “Dr. Luiz me apresentou o que eu mais gosto na nefrologia que é o glomérulo, e foi me dando a parte técnica, mas também humana da nefrologia. Nós temos que ser muito humanos porque encontramos o paciente muito frágil. Então eu aprendi com ele a tratar o paciente como um todo, a não ter pressa, ganhei um mestre que vou levar para o resto da vida como referência”, sinalizou.
Representando a Equipe Multi, composta por nutricionistas, psicólogos e serviço social, a nutricionista Maria Helena Gusmão também agradeceu ao coordenador pelo apoio. “Nós viemos de uma especialidade que, muitas vezes, a nefrologia não é colocada para a gente no ambiente acadêmico, ou é posta muito vagamente. Por isso, abraçamos a especialidade, nos debruçamos para estudar e não tenha dúvidas de que o apoio que a gente recebeu aqui foi fundamental para fazermos um bom trabalho. Dr. Luiz teve paciência de ensinar os mínimos detalhes, acolhimento, a prática que os livros não trazem”, salientou.
E por fim, a responsável técnica e enfermeira de referência da Unidade, Arminda Santiago, ao agradecer em nome de toda equipe de enfermagem, pontou sobre o legado que o médico deixa para os profissionais que conviveram com ele. “O senhor não só contribui não só com a técnica, mas com o valor, o respeito pela enfermagem, obrigada pelo carinho que sempre teve com toda a equipe. Mesmo com a sua ausência aqui, a gente vai se perguntar: o que Dr. Luiz José faria se ele estivesse aqui, agora?”, disse, ao entregar em nome de todos os colegas, uma placa de homenagem.
Diálise peritoneal como primeira modalidade
O último desejo do Dr. Luiz José, que ele deixa para que for sucedê-lo no cargo, é implantar a diálise peritoneal como a primeira alternativa de tratamento em pacientes que chegam ao hospital com urgência de diálise, ao invés de receberem um cateter para hemodiálise.
“Hoje os principais problemas que os pacientes que chegam com necessidade urgente de diálise, é a perda de acesso vascular. O paciente passa um cateter, daqui a pouco passa outro, e aos poucos ele não tem mais por onde passar, antes mesmo de conseguir ter um acesso definitivo com uma fístula. Esse programa propõe que o paciente seja internado sem mexer nos vasos, que hoje são muito desgastados”, explicou.
De acordo com o médico, o plano está pronto, mas é necessário que a unidade volte a funcionar para que a equipe inicie esse processo.
Fonte: Assessoria de Imprensa Clínica Prorim - Lívia Lemos / Jornalista DRT 3461